Luiz Calcagno
A partir de janeiro, assumirão, na Câmara, os suplentes de 11 deputados federais que ganharam as eleições para prefeito em seus respectivos estados. Embora pequena, a mudança, ainda assim, será esperada com ansiedade um mês antes das eleições para a presidência da Câmara. Haverá assédio aos novatos, principalmente em dois casos. O deputado JHC (PSB-AL) será empossado como prefeito de Maceió e, no lugar dele, assumirá Pedro Torres Brandão, do PSDB. O parlamentar poderá representar um voto a menos para a oposição e um voto a mais para o grupo de Rodrigo Maia (DEM-RJ).
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O outro caso é o da deputada Margarida Salomão (PT-MG), eleita prefeita do município mineiro de Juiz de Fora. Entrará, no lugar da deputada, Aelton José de Freitas, do PL, partido que tem muitos de seus nomes compondo o grupo do adversário de Maia, o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL). E a vereadora mais votada de Belém (PA), Viviane da Costa Reis, assumirá a vaga do também pessolista Edmilson Rodrigues, reequilibrando a composição da bancada do Psol, que passará a ter maioria feminina. Por fim, o PDT também perderá uma vaga para um partido componente da maioria. O deputado Sérgio Vidigal ocupará o cargo de chefe do legislativo de Serra (ES), abrindo vaga para Neucimar Ferreira Fraga, do PSD.
Parlamentares que conversaram com a reportagem destacam que, na composição de bancadas e votação de projetos, a alteração é muito pequena para que seja percebida alguma mudança no comportamento do plenário da Câmara. Porém, a disputa pela presidência da Casa será voto a voto. Além disso, outras mudanças podem acontecer, com parlamentares sendo chamados para compor o quadro de secretários de governos de capitais.
O prefeito eleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), por exemplo, já chamou o colega de partido, deputado Pedro Paulo, nome próximo de Maia, para ocupar o cargo de secretário de Fazenda da capital carioca, puxando mais um suplente. Outro indicado é Marcelo Calero (Cidadania), que deve ir para a Secretaria de Integridade e Governo. Independente de do peso que as mudanças possam exercer na conjugação de forças para as eleições da Câmara, a disputa, por enquanto, corre nos bastidores.
Parlamentares apontam que Maia, e seu suposto sucessor, Baleia Rossi (MDB-SP), já procuram a oposição para tentar construir uma candidatura que barre a do governista Arthur Lira. E Maia repete, com frequência, que não será candidato, independente de os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se mostrarem favoráveis ou contrários à reeleição. Ainda assim, nos bastidores, o que se fala é que o presidente está “colocando um ovo em cada cesta”, e nessas circunstâncias, a narrativa poderia mudar no último momento.