Jeferson Carlos
A Polícia Civil de Ariquemes (RO), no Vale do Jamari, divulgou nesta segunda-feira (16) que está investigado se uma ossada humana encontrada na ‘Serra do Sapateiro’, a cerca de 14 quilômetros de Monte Negro (RO), pertence a jovem Taina Carina de Lima Mendonça. Ossos de um possível feto foram descobertos junto aos restos mortais e é investigado se pertence ao filho que a jovem esperava.
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Tainá estava grávida de oito meses e desapareceu em outubro de 2017, quando saiu de casa para cobrar a pensão do ex-marido e exigir que ele assumisse a paternidade do filho que esperava.
Conforme a Polícia Civil, uma equipe de investigação da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Vida de Ariquemes encontrou as ossadas no último dia 7 de julho, após receberem uma denúncia anônima. Os restos mortais estavam a cerca de 300 metros de distância da BR-421.
O delegado regional, Rodrigo Duarte, informou que roupas femininas foram encontradas no local e após o material ser avaliado pela perícia técnica, ele recomendou para os policiais irem até Monte Negro realizarem uma diligência de extrema importância.
“Foram encontradas algumas vestes como blusa, calça, calcinha e sutiã. Os policiais pegaram essas roupas e foram até Monte Negro para apresentar a família da vítima, devido à proximidade entre o local de desaparecimento e onde os ossos foram achados. Para a nossa surpresa, ouve o reconhecimento das vestes pela mãe e o tio da Tainá, a partir daquele momento, nós já tínhamos um grau de certeza bem grande de que a ossada poderia ser dela”, pronunciou.
Após esse reconhecimento, o material encontrado foi levado até o Instituto Médico Legal (IML) de Ariquemes para que se iniciasse os trabalhos de antropologia forense, como o objetivo de identificar a origem dos ossos encontrados.
Segundo Duarte, os primeiros resultados constatados pelo odontólogo legal foram bastantes significantes para a Polícia Civil manter a relação dos ossos encontrados com a jovem Tainá Carina.
“Já no IML, as primeiras informações foram justamente acerca da compatibilidade ou não da ossada que havia sido encontrada, de fato a ossada era humana e de uma idade adulta. Pelo crânio e pela bacia, ele conseguiu identificar que se tratava de uma mulher entre 19 a 29 anos. A vítima tinha 21 anos e tinha essa faixa etária, além da etnia que também era compatível”, explicou o delegado.
Durante os exames, o odontólogo legal ainda separou alguns ossos que não tinham nenhuma pertinência a ossada humana adulta. A Polícia Civil suspeita de que esses ossos sejam do filho que Tainá estava gestando. Quando desapareceu, no dia 27 de outubro, Tainá estava no oitavo mês da gravidez e o parto havia sido marcado para o dia 14 de novembro.
“Sobraram alguns arcos costais que eram muitos pequenos e um dos ossos foi identificado como uma base de crânio. Pode-se estabelecer que aqueles pequenos ossos trata-se de um mamífero bípede, portanto, ou é um macaco ou um feto. Sendo feto, ele estaria aproximadamente na 32ª semana de gestação, o que é condizente com o feto que vinha sendo gerado pela vítima Tainá”, comentou Rodrigo Duarte.
A partir disto, a Polícia Civil encaminhou os restos mortais para Porto Velho, onde solicitaram para dar prioridade nos exames. Dentro de 10 dias, a Polícia acredita que terá um grau de certeza se o feto era o que a vítima carregava no ventre e se a ossada humana pertence a Tainá Carina, para que assim possa chegar a conclusão de outro fator importante no caso, a paternidade da criança.
“A Polícia busca com o DNA não só a confirmação de que os restos mortais são da Tainá, mas queremos também o perfil genético do feto para saber quem é o pai, por que a investigação gira em torno disto. Agora temos condições de saber portanto quem era pai da criança, o que é muito relevante”, esclareceu Duarte.
Ossada encontrada em Buritis
No dia 24 de junho, após receber uma informação, a Polícia Civil encontrou uma ossada humana em uma área de mata a cerca de 16 quilômetros de Buritis (RO). Roupas femininas foram encontradas no local onde a ossada estava.
Ao G1, o delegado de Buritis, Leomar Gonçalves, explicou que não havia nenhum registro de desaparecimento de uma mulher registrado no município, o que a princípio suspeitou-se em os restos mortais serem o de Taina, mas os familiares da jovem não reconheceram as roupas encontradas no local.
“Como a mãe dela não identificou as roupas, nós encaminhamos o material para o IML para coletar o DNA e confirmar se é ou não os restos mortais da Tainá, a nossa previsão é de que não seja. Se constatar que essa outra ossada seja o da jovem, nós iremos voltar ao início do caso e fazermos novas triagens para identificar esta vítima”, comentou Leomar.
Caso Tainá Carina
Tainá Carina desapareceu no dia 27 de outubro de 2017, depois de dizer aos familiares que iria até a residência do ex-marido, para exigir que ele pagasse a pensão da filha de cinco anos que eles tiveram e para que ele assumisse a paternidade do filho que esperava.
O ex-marido de Tainá chegou a ser preso no dia 28 de outubro, como principal suspeito no desaparecimento da jovem, mas ele comprovou que estaria em uma autoescola do município e foi solto.
Em novembro de 2017, a Polícia Civil começou a tratar o caso como homicídio e buscas foram realizadas em propriedades rurais da região. Dias depois, familiares da jovem fizeram um protesto que chegou a fechar por algumas horas a BR-421, que liga Ariquemes a Monte Negro.
A PM encontrou uma casa localizada na zona rural de Monte Negro, no dia 8 de novembro, que poderia ter servido como cativeiro para a jovem. Maria das Graças chegou a reconhecer uma calcinha e um batom da filha encontrado no suposto cativeiro, mas a polícia confirmou que os objetos não eram da grávida.
Em janeiro deste ano, o cunhado de Taina Carina foi preso por usar o número de celular da jovem. Segundo a Polícia Civil, ele não era suspeito do desaparecimento de Tainá, mas a prisão aconteceu para esclarecimentos sobre o uso do número da grávida em um aplicativo de mensagens.
Cinco dias depois, o cunhado de Taina foi solto após a mãe e a irmã da jovem confessarem que colocaram o chip no celular do cunhado da grávida sem o conhecimento dele.
Em fevereiro deste ano, a Polícia Civil divulgou as investigações haviam voltado à ‘estaca zero’ por conta das informações precipitadas passadas a equipe de investigação. Um machado chegou a ser encontrado em um terreno baldio de Monte Negro, com a suspeita de que poderia ter sido usado para assassinar a jovem. Mas a relação do objeto com o caso foi descartado pela Polícia.