Mais de 20 pessoas procuraram a Polícia Civil, desde o ano de 2017, para registrar ocorrência contra golpes de estelionado na Região Central de Rondônia. Na maioria dos casos, clientes veem produtos baratos na internet e acabam negociando a compra diretamente com o vendedor, fazendo depósitos bancários.
O que era para ser um negócio vantajoso na compra de um carro se tornou um pesadelo para o casal Eliana Dalprá e Everton Lourenço.
Depois de vender o carro antigo, o casal que mora em Teixerópolis (RO) procurava um veículo melhor para comprar. Durante as pesquisas, Lourenço encontrou uma proposta vantajosa em um site de compras e decidiu conversar com o vendedor.
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A negociação aconteceu por um aplicativo de mensagens instantâneas. O número do suposto vendedor era com o DDD de Rondônia, porém a vítima não conseguia fazer ligações. O vendedor se mostrou disponível e disse que o carro permanecia à venda. O casal propôs passar parte do valor em dinheiro e o restante em uma motocicleta. O comprador topou.
Eliana conta que o primeiro depósito aconteceu em poucas horas de negociação. “Ele pediu parte do dinheiro para começar a fazer o processo de transferência do documento. Meu marido foi e depositou”, conta.
Tempo depois, um novo depósito no mesmo valor foi pedido pelo vendedor. “Ele disse que a dona do carro não teria aceitado o valor anterior como entrada, pois ela estava precisando do dinheiro porque o marido estava no hospital”, conta a vítima.
Everton fez um novo depósito. O vendedor chegou a perguntar às vitimas se elas preferiam receber o veículo em casa ou buscá-lo em uma concessionária em Ji-Paraná. A vítima preferiu fazer a retirada em Ji-Paraná.
Na manhã do outro dia, o casal conta que foi acordado pelo suposto vendedor, confirmando se iriam buscar o carro naquele dia, momento que um novo pedido de depósito foi feito.“Ele disse para não levar o restante do dinheiro em mãos e não dar problemas na concessionária. Porém, ele não sabia nos passar certinho o endereço da loja. Eu achei muito suspeito e disse ao meu marido que não íamos depositar antes de ver o veículo”, conta.
O casal chegou em Ji-Paraná e foi direto à concessionária. Ao chegar no local, veio a surpresa: não havia nenhum funcionário com o nome do vendedor do veículo e nem mesmo um carro com as mesmas características.
Os funcionários da concessionária informaram que, pelo que tudo indicava, era um golpe.
“Naquele momento entrei em desespero. Falamos com ele e contamos o que estava acontecendo e, quando falamos que estávamos indo para delegacia, ele nos bloqueou e não conseguimos mais falar com ele”, relembra.
Concessionária
Segundo uma assessora de vendas de uma concessionária, Hozana Nascimento, desde maio de 2017 o número de ligações que recebeu e também de pessoas que foram até a loja procurar por algum carro ou algum vendedor é grande.
“De 20 ligações que eu recebia pela manhã, 15 eram de pessoas perguntando pelo vendedor. Eu pesquisei em outras concessionárias para saber se tinha alguém com aquele nome, mas não encontrei”, explica.
Depois de um tempo, começaram a aparecer pessoas na loja na esperança de buscar o veículo. “Chegou a vir uma pessoa de Vilhena (RO) para buscar o veículo e, quando falamos que não tinha, ainda não acreditou na gente”, relembra.
Segundo Hozana, a empresa não trabalha com nenhum tipo de divulgação por sites de compras e vendas e o contato com o cliente é sempre feito de forma oficial.
Investigações e cuidados
De acordo com dados da Polícia Civil, foram registrados, desde 2017, 20 casos de estelionato virtual em Ji-Paraná. Porém, o delegado acredita que o número é bem maior.
“As pessoas não nos procuram para registrar. Às vezes, por vergonha e outras por que sabem que não vão conseguir obter o dinheiro perdido”, explica Gouveia.
O delgado explica que esse tipo de crime é realizado por criminosos articulados. “Eles utilizam contas que foram criadas de forma fraudulenta. Às vezes com documentos de pessoas que desconhecem a existência da conta. Utilizam a conta por um tempo, depois abandonam”, explica.
Gouveia explica que o principal cuidado que as pessoas precisam tomar é, principalmente, em relação à desproporção dos valores que são ofertados na internet.“Normalmente são valores muito abaixo do preço de mercado”, afirma.
Outro quesito apontado pelo delegado é sobre os meios de divulgação e também de contato com o vendedor. “Certifique-se de que é um site oficial, pesquise. Ligue no local indicado por ele, pergunte. Tenha certeza de que é algo seguro ant